sábado, 28 de março de 2009

[BN]_ensaio/entrevista_ [22 de Março de 2009]





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Verónica – Porquê um elemento feminino na banda?

Daniela – É assim, não foi nada pensado (risos), os primeiros elementos da banda no qual estava o Vasco também (elemento actual), estavam à procura de um vocalista onde colocaram (no anúncio) feminino/masculino que aparecesse. Mas eles tinham interesse num vocalista masculino.

Verónica – Fizeram castings?

Daniela
– Sim, fizeram audições.

Vasco – Sim. Fizemos audições, e como a Daniela estava a dizer, tivemos que pôr masculino/feminino (no anúncio), porque legalmente tem que ser assim. Na altura nós não éramos ainda fora da lei (risos), então pusemos masculino/feminino.
Apareceram ainda várias pessoas, entre as quais a Daniela. Na altura vimos que a Daniela tinha uma voz bastante boa e não queríamos desaproveitar o potencial dela. Dessa forma, mais tarde optamos por ficar com ela, voz feminina, apesar de inicialmente estarmos com a intenção de uma voz masculina e acabou por ficar a Daniela.

Daniela – No início ainda puseram a hipótese: -“Ah, fica, nem que seja como segunda voz e tal, mas fica.”

Verónica – Mas porquê? Tinham mesmo aquela ideia do masculino? Tem a ver com algum tipo de referências musicais?
Vasco – Também.

Daniela – Talvez, o facto de conseguir ter alguma agressividade vocal, e se calhar pensaram que a voz feminina não ia conseguir ter esse impacto, acho que foi por aí.
Quando o Jorge chegou (baterista), eu já estava cá, por isso não teve opção. (risos)

Verónica – Como é que pensam que o público vos vê tendo um elemento feminino?
Daniela – Já tivemos algumas vantagens, quando estivemos em concursos ou mesmo festivais, em que se as outras bandas forem todas com vozes masculinas, que é mais fácil encontrar, acho que quando entramos em palco com uma voz feminina, é uma lufada de ar fresco. É uma diferença, mesmo sendo no mesmo estilo de música, é outro som, outra voz. Nesse aspecto, acho que é vantajoso.

Verónica – Já agora, neste caso, como têm uma vocalista, não é uma baterista, por exemplo, vocês acham que o protagonismo está direccionado para a vocalista?

Todos – Está sempre!

Rui – Na generalidade, as pessoas que não são músicos, o ‘front’ é sempre o vocalista, seja feminino ou masculino, sendo feminino pode despertar mais ou menos, mas acho que desperta mais.

Vasco – Acaba por ser quem dá mais a cara, nós olhamos mais para as cordas, ou o João estáa olhar para os timbalões, o vocalista não tem nada para onde olhar, olha sempre em frente. Mas acaba por ser a imagem, a cara da banda.

Verónica – O público que assiste é maioritariamente masculino ou feminino?

Daniela – Eu acho que é misto…pelas pessoas que vêm ter connosco, no início e no fim, pela internet, pelos e-mails e comentários que recebemos, são de várias faixas etárias e são tanto masculino feminino, o que é óptimo. Mas também não é por acaso, ou seja, temos consciência que a nossa música abrange várias faixas etárias, já tivemos ‘teenagers’, como também já tivemos pessoas já com uma idade mais avançada que nos vieram gabar as músicas, mas às vezes até são músicas específicas e nós temos noção disso. Aquela música vai buscar aquela sonoridade e realmente afecta certo tipo de pessoas e depois há outras com certo tipo de letras que vão afectar pessoas mais novas. Temos noção disso, e gostamos que seja assim, mais aberto.

Verónica – O facto de terem um elemento feminino poderá abrir ou fechar portas?

Verónica – Vocês que já tiveram experiências em festivais e concursos, o que é que têm sentido em relação a essa experiência?

João – Os festivais em que participamos, aqueles que ganhamos, aqueles que perdemos vem sempre derivado à banda, não foi pelo facto de ela ser uma vocalista feminina, tudo o que somos, fizemos ou deixamos de fazer tem a ver connosco.

Verónica – Nunca sentiram nenhum tipo de preconceito de algum tipo de organização, uma vez que a mulher ainda hoje é ‘mal vista’ nas artes em geral?
(por exemplo, a família da Daniela como é que encarou a sua vinda para uma banda)


Daniela – Era uma experiência, isto passava. (risos).
Foi estranho…na altura quando disse que tinha entrado para uma banda, tudo bem, quando assistiram ao meu primeiro concerto, adoraram, porque adoraram ver-me no palco, claro, são pais. Mas diziam sempre: -“isto passa.”, é uma experiência e passa, mas os anos vão passando e acho que agora já encaixaram…e apoiam-me. Obviamente. Andam sempre com o cd a correr de um lado para o outro. Por vezes selecciono as músicas mais calmas. Agora, em relação à pergunta inicial, vantagens ou desvantagens, acho que tem a ver com a reacção do público também. A reacção do público depois tem a ver com as oportunidades que surgem, e a resposta acaba por ser a mesma, acabamos por ter mais vantagens pelo facto de haver mais bandas masculinas e aparecer uma voz feminina, a música ser diferente, a sonoridade ser diferente, ser uma lufada de ar fresco numa noite de festival, numa noite rock, do que desvantagens. Em relação a oportunidades de futuro, isso é qualidade musical, não a voz em si masculino/feminino, mas sim o conjunto musical da banda em si.

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